quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Um breve interregno

Antes demais, as nossas desculpas por este interregno, mas depois de ameaças à integridade física, foi a vez de o servidor ameaçar a liberdade de expressão. Creio que até o computador estava disposto a gerar um ambiente de asfixia democrática.
Como sabem, aqui dão-se asas à escrita, mas hoje, ao ler tão pertinente post no blog avenidacentral, e por já termos chamado à atenção sobre esta matéria parecia em http://farricocomaldito.blogspot.com/2009/08/credibilidade-dos-projectos.html (não apresentava programa, e muito menos os candidatos às freguesias), decidimos replicar aqui o texto da autoria do Luis Tarroso Gomes. Um agradecimento especial ao Luis Tarroso Gomes e ao Pedro Morgado por me permitirem "roubar" e "colar" aqui o post.


© Pedro Guimarães / projectobragatempo

É um dado adquirido que neste concelho há muitos eleitores que - mesmo votando regularmente no PS - estão desejosos que Mesquita Machado saia. Vêem Mesquita, entre outras coisas, como o grande responsável pelo desmando urbanístico do concelho. A uma parte destes eleitores é indiferente o perfil do candidato da oposição pois o que desejam é simplesmente uma mudança (na verdade, uma “limpeza”). Para estes eleitores, o voto em Ricardo Rio poderá ser a solução mais eficaz para realizarem o seu desejo.

Mas há outros eleitores que, apesar de discordarem da política de Mesquita, precisam de acreditar na alternativa. Para deixarem de votar nos partidos (de esquerda) precisam de ver e sentir que vai de facto haver uma mudança para melhor (e não uma simples mudança). Ora, ter um projecto para Braga não é uma missão muito difícil. Mesquita facilita bastante esta tarefa na medida em que, além das já três décadas de poder e do demasiado visível desordenamento urbano, tem vindo a rodear-se de uma equipa cada vez mais fraca e desgastada, apresenta cada vez menos promessas ambiciosas e parte dos seus projectos são reformulações de projectos falhados (Mercado do Carandá, renaturalização do Rio Este) ou até simples repetição de promessas anteriores (Parque Norte, Parque das Sete Fontes, Braga Digital).

É por isso extraordinário que Ricardo Rio, que há seis anos se apresenta como alternativa a Mesquita, ainda não tenha programa. Há mais de um mês que a secção Programa do seu site está em construção. Apenas hoje – a dez dias das eleições – será finalmente apresentado.

Mas para ter um projecto credível, além de ideias, é necessário uma equipa a sério. Convém não esquecer que por uma imposição legal (absurda), após as eleições o Presidente da Câmara não pode escolher livremente os seus vereadores. É por isso confrangedor ouvir aqui as declarações da desconhecida equipa de Rio - nem uma ideia para a cidade! Aliás é sintomático desta falta de estratégia a escolha de Miguel Bandeira para mandatário. Se Bandeira é, sem dúvida, uma grande mais-valia (e a meu ver, para qualquer lugar no município), não deixa de ser um desperdício que, a alguém com toda a sua experiência, visão e conhecimento da cidade, seja oferecido um lugar efémero e decorativo. Se, por exemplo, a coligação tivesse apresentado Miguel Bandeira como futuro Vereador do Urbanismo teria dado aos bracarenses um sinal firme de que tudo iria mudar com estas eleições.

Perante isto fica a dúvida: Ricardo Rio quer mudar a cidade ou só quer ganhar as eleições?

[artigo publicado hoje no Diário do Minho]

3 comentários:

Anónimo disse...

Claro está que o Autor do artigo não acompanhou o Dr Ricardo Rio e as suas propostas para a cidade nestes 6 anos, caso contrário não precisaria de chegar ao dia de hoje para as conhecer. Terá os seus motivos...

CL

Farricoco_Maldito disse...

Cada um tem direito à sua opinião.
Eu, pessoalmente, acho que o Ricardo Rio já devia ter apresentado as propostas dele bem mais cedo, até porque esteve no terreno, com as pessoas, durante 6 anos.
Por isso, se perder, o próximo já sabe a receita. Menos léria e mais programa e acção.

JJ P disse...

Não deixo de concordar com o Tarroso Gomes. As propostas deviam ter sido anunciadas mais cedo, mesmo que elas tenham sido ao longo de 4 anos enunciadas individualmente.